Tecnologias: Fuel Cells
Existem diversos tipos de Fuel Cell ou Células de Combustíveis:
PAFC
– Phosphoric Acid Fuel Cell – Pilhas de combustível
de ácido fosfórico, apresentam potências de
saída até 200 KW.
É a tecnologia mais madura e o único tipo disponível
comercialmente, com mais de 200 sistemas instalados a nível
mundial: hospitais, centros médicos, hotéis, escritórios,
escolas, centrais de produção de energia, terminais
de aeroporto, estações de tratamento de águas,
lixo e águas sanitárias.
Convertem electricidade com um rendimento maior que 40% e de cerca
de 85% do vapor produzido é usado na cogeração.
Operam a temperaturas 150 a 200ºC. A temperaturas mais reduzidas,
o ácido fosfórico é um condutor iónico
pobre e a percentagem de monóxido de carbono (CO) no electro-catalisador
de platina do ânodo torna-se demasiado elevada.
Outra das vantagens, além dos 85% de eficiência em
cogeração é que se pode utilizar hidrogénio
impuro como combustível, desde que a concentração
de CO seja de cerca de 1,5%, aumentando assim os combustíveis
possíveis. Como desvantagens, aponta-se a platina, por
ser de custo elevado, a potência comparativamente baixa
quando comparada com outras tecnologias e o seu tamanho e peso,
consideravelmente maior.
PEMFC
– Proton Exchange Fuel Cell – Pilha de combustível
com membrana de permuta de protões, apresentam potências
de saída entre os 50 e os 250KW.
Operam a temperaturas relativamente baixas ~ 80ºC, apresentam
uma potência elevada e conseguem variar a sua tensão
de saída muito rapidamente, indo de encontro a aumentos
e diminuições bruscas de energia necessária.
Tais características são importantes nos automóveis,
para que o veículo possa iniciar a sua marcha rapidamente.
Esta tecnologia é a primeira da lista quando se falam em
veículos ligeiros e edifícios; potencialmente são
ainda aplicações mais pequenas como substitutos
de baterias recarregáveis.
A membrana de permuta de protões é uma folha plástica
fina que permite aos iões H+ passarem através dela;
é revestida nos dois lados por partículas de um
metal altamente dispersivo (predominantemente platina) que se
tornam catalisadores activos. O electrólito é um
polímero sólido orgânico de ácido poli-perflorosulfónico,
que se torna vantajoso, pois reduz a corrosão.
O hidrogénio é fornecido ao ânodo onde o catalisador
encoraja o átomos de hidrogénio a libertarem os
seus electrões tornando-se iões H+ ou seja protões.
Os electrões libertados seguem para o cátodo, mas
são aproveitados antes de lá chegarem como corrente
eléctrica. O cátodo por seu lado é alimentado
com oxigénio e os protões aos serem difundidos através
da membrana (electrólito) para o cátodo, combinam-se
originando H20, completando o processo. Este tipo de pilhas é
sensível as impurezas do combustível.
MCFC
– Molten Carbonate Fuel Cell – Pilha de combustível
de carbonatos fundidos, apresentam potências de saída
entre os 10KW a 2MW.
O eléctrodo é constituído por uma solução
líquida de carbonatos de lítio, sódio e/ou
potássio. Prometem eficiências elevadas, cerca de
60% e 85% com cogeração, operando a temperaturas
da ordem dos 650ºC; necessária para se atingir a condutividade
suficiente do electrólito. As MCFC têm operado com
base em hidrogénio, monóxido de carbono, gás
natural, propano, biogás, diesel e produtos de gaseificação
estimulada do carvão, destinando-se a aplicações
eléctricas. Além de dispensar catalisadores caros
e usar vários tipos de combustível tem como grande
vantagem e simultaneamente desvantagem a temperatura de operação
elevada. As reacções envolvendo a quebra de ligações
Carbono-Carbono nos hidrocarbonetos ocorrem muito mais rapidamente
à medida que aumenta a temperatura. A desvantagem é
a rápida corrosão e o colapso de componentes devido
à temperatura elevada.
SOFC –
Solid Oxid Fuel Cell – Pilha de combustível de óxido
sólido, apresentam potências de saída até
100KW.
Solução apontada para ser usada em aplicações
de grande escala e de alta potência, incluindo centrais
eléctricas de escala regional. Os motores de veículos
são também indicados, sendo no entanto necessários
unidades auxiliares de energia (APU – Auxiliary Power Unit).
O electrólito é sólido, sendo normalmente
usado um material cerâmico de óxido de zircónio
com uma pequena quantidade de itria, funcionando a temperaturas
té 1000ºC. O rendimento pode atingir 60% e 85% em
cogeração.
AFC
– Alkaline Fuel Cell – Pilha de combustível
alcalina, apresentam potências de saída entre os
300W e os 5KW.
Muito utilizadas pela NASA, esta tecnologia atinge rendimentos
até 70%; foram usadas na nave espacial Apollo para produzir
electricidade e água potável. Operam a temperaturas
de 150 a 200ºC; o electrólito é uma solução
aquosa de hidróxido de potássio alcalino, que aumenta
a velocidade da reacção no cátodo e a performance
da pilha.
DMFC
– Direct Methanol Fuel Cell – Pilha de combustível
de Metanol directo
Semelhantes às PEMFC, por usarem uma membrana de polímero
como electrólito, no entanto o catalisador do ânodo
retira o hidrogénio do metanol líquido, eliminando
a necessidade de um reformador. A eficiência está
nos 40% (podendo ser aumentado com temperaturas mais elevadas)
e a temperatura de operação entre os 50ºC e
100ºC, tornando-as muito adequadas para aplicações
médias: telemóveis, computadores portáteis,
etc. Problemático é o facto de haver combustível
a passar do ânodo para o cátodo, sem produzir electricidade
(parece haver já soluções para este problema).
RFC
– Regenerative Fuel Cell – Pilha de combustível
regenerativa
Tecnologia bastante jovem, mas atractiva num ciclo fechado de
produção de energia. Funcionam acopladas a um sistema
solar de electrólise, que separa o oxigénio e o
hidrogénio, que por sua vez são injectados no cátodo
e no ânodo respectivamente, produzindo electricidade e água
que é injectada novamente no sistema solar.
ZAFC
– Zinc-Air Fuel Cell – Pilha de combustível
de zinco-ar
A célula é constituída por um eléctrodo
GDE (Gas diffusion electrode), um ânodo de Zinco separado
por um electrólito e separadores mecânicos. O GDE
é uma membrana permeável que permite a passagem
ao oxigénio atmosférico, que entra em contacto com
o hidrogénio obtendo-se iões e água. Os iões
atravessam o electrólito e atingem o ânodo de Zinco,
onde reagem em conjunto formando óxido de Zinco. Este processo
cria um potencial eléctrico. Depois de o combustível
ter sido usado, o sistema pode ser ligado à rede obtendo-se
peletes de zinco puro novamente, cujo processo não deve
demorar mais de 5 minutos para completar. As ZAFC funcionam à
base de Zinco, que é relativamente abundante e barato e
como há poucas perdas entre recargas, são bastante
melhores que as baterias convencionais.
PCFC –
Protonic Ceramic Fuel Cell – Pilha de combustível
de cerâmica protónica
Este novo tipo de pilhas de combustível
contém um electrólito de material cerâmico
que exibe uma condutividade protónica a temperaturas elevadas
~ 700ºC. Partilham as vantagens das MCFC e SOFC, bem como
das PAFC e oxidam os combustíveis fósseis directamente
no ânodo eliminando a necessidade de produção
prévia de hidrogénio. As moléculas gasosas
dos hidrocarbonetos são absorvidas na superfície
do ânodo na presença de vapor de água e os
átomos de hidrogénio são eficientemente removidos
e absorvidos pelo electrólito, sendo o CO2 o produto da
reacção. Como têm um electrólito sólido,
a membrana não desaparece como nas PEM; e o líquido
não se escapa como nas PAFC.
Para terminar apresentamos um quadro resumo das diversas tecnologias:
Tecnologia |
Potência
de saída |
Temp.de
func. (ºC)
|
Electrólito |
Aplicações |
PAFC
|
< 200 KW |
150 a 200 |
Ácido
fosfórico |
Produção
de energia (escala média) |
PEMFC |
50 a 250KW |
80 |
Polímero |
Veículos, substituto
de baterias recarregáveis |
MCFC |
10KW a 2MW |
650 |
Solução aq.
carbonatos |
Aplicações
eléctricas |
SOFC |
< 100KW |
Até 1000 |
Material cerâmico |
Aplicações
de grande escala, veículos |
AFC |
300W a 5KW |
150 a 200 |
Solução aquosa |
Produção
de electricidade (pequena escala) |
DMFC |
50 a 250KW |
50 a 100 |
Polímero |
Aplicações
médias, telemóveis, laptops |
RFC |
- |
- |
- |
Produção
de energia em ciclo fechado |
ZAFC |
- |
- |
- |
Baterias |
PCFC |
- |
700 |
Material cerâmico |
Produção
de energia (grande escala) |
Deve-se referir que nem todas a tecnologias são realmente
formas de energias renováveis, no entanto o princípio
de funcionamento com base no hidrogénio e tendo como sub-produto
vapor de água mantém-se e esse é sem qualquer
dúvida um mecanismo de energia renovável.