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Destaques
21/01/2009

Revista 2008


O ano de 2008 foi altamente errático, tendo-se assistido à maior subida do valor do petróleo e ao mesmo tempo à sua descida como consequência da crise para valores de 4 anos atrás. Atente-se no gráfico seguinte com os preços do petróleo ajustados com o valor da inflação.
 

As Energias Renováveis foram muito mediatizadas durante este ano devido exactamente aos receios do aumento dos preços dos combustíveis fósseis e como sendo a única solução para resolver o problema. A problemática das renováveis é bem mais abrangente que o preço do petróleo, mas serviu para testar algumas teorias sobre a penetração das renováveis no mix energético com valores do barril de petróleo bem acima dos 100 dólares e em verdade muitos projectos avançaram facilmente e ajudados pelo ambiente de subida dos preços. Discutiu-se muito sobre as razões de tal subida e a que correspondia. Sabemos hoje que se deveu em grande parte a especulação bolsista, mas não é de excluir que o preço sem crise económica e em situações de consumo normais se situe próximo dos 90 a 100 dólares. Interessante é perceber qual o preço de barril que “faz funcionar economias” e temos os 40 dólares apenas na Arábia Saudita, 60 dólares na Venezuela, 80 dólares na Rússia e 90 dólares no Irão, só para citar alguns. Com estes dados é fácil de perceber o que se passou em muitos destes países quando o preço subiu e quando desceu.

O site do PER sofreu grandes alterações e esperamos virar a colher frutos desse investimento. Temos a porta aberta a colaboradores não remunerados e parcerias com empresas, associações e particulares que estejam interessados em divulgar as energias renováveis. Por favor contactem-nos!

Vamos então proceder à nossa análise do ano de 2008.

Janeiro e Fevereiro

A Europa é a líder no desenvolvimento da energia das ondas e outros fenómenos marinhos, segundo um estudo da Frost & Sullivan. Em Portugal fica um dos dois grandes centros de investigação nesta área. Interessante que esta situação continua assim há bastante tempo sem que a Europa se mexa para tirar partido desta situação.

Março
A Lusa noticiava que 25% dos portugueses se propunha a adquirir sistemas de energia renovável durante 2008. O que queria dizer que potencialmente 2.500.000 de portugueses iriam adquirir equipamentos e no valor médio de 3500 euros. A estes preços temos painéis fotovoltaicos, colectores solares, caldeiras a biomassa, geradores mini-eólicos, mas sabemos que:
- painéis PV e mini-eólico  -> 615 registos certificados nas renováveis na hora
- colectores solares -> 76556 m2 vendidos em 2008 (de acordo com a APISOLAR)
- biomassa -> não temos dados


Fonte: www.dgge.pt

Os principais motivos segundo o estudo do banco CETELEM que estão na base de tal afirmação prendem-se com a preservação do ambiente (40%), com a redução da despesa mensal com electricidade (37 %) e com a rentabilização do investimento através de venda de energia excedentária (14 %). Claramente os 3500 euros foram usados de forma diferente e já se sabia pelo estudo que os portugueses desconhecem que tipos de produtos existem no mercado das energias renováveis.

A central de Moura iniciou a produção com os seus 2 MW instalados (num total de mais de 41 MW) enquanto a a Galp Energia anunciou a sua vontade de iniciar uma parceria com o Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação e com a empresa Algafuel para desenvolver um projecto de produção de biomassa e biocombustível a partir de microalgas e da respectiva sequestração de CO2. Seguindo as empresas: a Martifer tornou público o seu contrato para instalar painéis fotovoltaicos na Bélgica na totalidade de 30MWp em tectos de superfícies industriais e comerciais de média e grande dimensão.

Num aspecto de regulador a REN anunciou 1400 milhões de euros de investimento na modernização das redes de electricidade até 2014, já que a rede está desenhada para em 2019 ter cerca de 8000 MW de potência eólica e 7000 MW de grande hídrica. O total de produção em regime especial considerado em 2019 é de 11900 MW.

O “Morgan Life car” causou sensação em Genebra por ser o primeiro desportivo 100% movido a células de combustível. Deixamos aqui uma foto desta novidade.



Fonte: www.gizmodo.com.au

A energia das ondas também esteve em destaque com a notícia do Grupo Lena, que através da sua participada Eneólica vai apresentar uma proposta ao concurso para a exploração de energia das ondas em São Pedro de Moel, concelho da Marinha Grande, depois de no ano passado ter assinado uma parceria com a finlandesa AW-Energy para instalar um parque de energia das ondas ao largo da praia da Almagreira, em Peniche.
A biomassa também não foi esquecida e exemplo disso foi a notícia da central em Mação, cuja câmara entrou em parceria num dos consórcios que quer instalar uma central na zona industrial de Vale de S. Domingos, aproveitando a vasta zona florestal que o concelho detém.

Abril
Abril foi o mês em que a crise alimentar se começou a fazer sentir fruto do aumento do petróleo e consequente especulação nos biocombustíveis que fizeram subir os preços do milho e trigo - cereais fundamentais na dieta humana e em especial de algumas nações. Aproveitamos para novamente passar a mensagem do PER que este caminho não é o correcto, pois os biocombustíveis foram pensados como destino de produções agrícolas de baixa qualidade ou refugo e nunca para produções de cereais com qualidade para o mercado alimentar.

O solar passivo tem muito raramente o destaque que merece, mas o edifício da nova sede da EDP no Norte com telas de sombreamento das fachadas com painéis fotovoltaicos bem como colectores solares e ainda mini-geradores eólicos na cobertura é um exemplo de boa construção. O objectivo é a auto-suficiência e a iniciativa de salutar e de ser repetida.

Boa notícia em termos de emprego foi a decisão da Saint Gobain de iniciar a produção de espelhos parabólicos na sua fábrica em Santa Iria (Covilis). Estes espelhos servem para centrais de concentração solar parabólicas que em Espanha estão a ter grande interesse e implementação. O investimento inclui também o aumento da capacidade de produção de vidros temperados para aplicações térmicas e fotovoltaicas.

Em termos políticos o Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética (2008-2015) foi aprovado em Conselho de Ministros estabelecendo como meta a alcançar até 2015 a implementação de medidas de melhoria de eficiência equivalentes a 10% de consumo final de energia. O primeiro-ministro José Sócrates anunciou o lançamento do concurso para a instalação de nova potência eólica em Portugal com capacidade até 200 MW. Este programa é essencial para que o cluster eólico faça realmente sentido. Esperemos que em breve comecemos a desenvolver turbinas e não apenas torres.
Começou-se a falar na criação da EDP Energias Renováveis depois da “International Petroleum Investment Company” de Abu Dhabi ter adquirido 2% do capital da EDP e se ter mostrado interessada em adquirir também parte da unidade das Renováveis.

Ainda é notícia a energia solar nas piscinas, o que não deixa de surpreender num país com a nossa radiação onde solar térmico deveria ser obrigatório e completamente senso comum.

A central das ondas na praia da Aguçadoura, a norte da Póvoa do Varzim teve o seu primeiro anúncio e congratulamos a Enersis pela iniciativa com todo o risco inerente, mas apostando num bem abundante nas nossas costas e desde há muito por aproveitar. A central tem 2,25 MW de potência. Em termos de energia das marés o panorama de notícias é sempre de carácter experimental, mas o parque no estreito de Strangford Lough, a Sudeste de Belfast, Irlanda do Norte vai gerar electricidade suficiente para alimentar mil casas e dará o pontapé de saída em centrais comerciais.
A GM, atormentada hoje em dia por problemas de liquidez, veio em Portugal através do seu director-geral Guillermo Sarmiento afirmar que «o nosso objectivo claro é reduzir drasticamente as emissões e, simultaneamente, libertar o automóvel da dependência dos combustíveis fósseis». Esperamos que seja verdade!

O site www.renovaveisnahora.pt que muita paciência fez perder aos portugueses e em especial aos profissionais das energias renováveis devido à sua ineficácia no registo das microgerações deu sinais de mau funcionamento ao se ter verificado que o limite máximo de 2 MW foi atingido às 17 horas do próprio dia da abertura do SRM - Sistema de Registo da Microprodução, dia 2 de Abril de 2008. A DGEG decidiu então atribuir apenas pedidos de registo até ao limite pré-estabelecido por mês promovendo assim as “segundas-feiras do click”!

Maio
Iniciámos o mês de Maio pela notícia dos prémios internacionais ganhos por duas escolas açorianas: a EBI, das Capelas, ilha de São Miguel com um forno solar, e a Cardeal Costa Nunes, da ilha do Pico com um carro eléctrico movido a energia solar.

As acções da EDP Renováveis supunham-se ir para a bolsa com intervalo de preço entre 7,40 e 8,90 por acção. Hoje está nos 5,5 euros depois de mínimos de 3,4 euros.


Fonte: www.edp.pt

Das várias visitas do Presidente Chavez ficámos a saber que numa delas se acordou a troca de 72 MW de parques eólicos por 2 milhões de barris por ano. Resta saber quem ficou a ganhar!

O Grupo Martifer entrou no mercado grego com a aquisição de 60% do capital da empresa grega PVI. A subsidiária Martifer Solar deu a conhecer, em Atenas, a sua entrada no negócio solar fotovoltaico. É de salutar a atitude desta empresa por estar altamente empenhada nas novas oportunidades das renováveis e em várias áreas. Esperemos que em termos de emprego se faça sentir esta atitude também. A Quimonda apresentou o seu novo projecto de investimento em Vila do Conde: uma unidade de células fotovoltaicas, com um investimento de 70 milhões de euros numa primeira fase e mais três fábricas na região em fases seguintes. Todos sabemos que a Quimonda foi alvo recentemente de ajudas estatais para que o nosso maior exportador não “caísse”, mas clarificamos que o negócio do solar fotovoltaico continua a crescer.

Junho
Iniciámos o mês com a energia hídrica e com os concursos para as 10 barragens do plano nacional de barragens. O foco estava nos possíveis 283 milhões de euros do valor das concessões, mas não nos projectos em causa e como torná-los ambiental e energeticamente equilibrados. As 10 novas barragens serão Padroselos, Alto Tâmega, Daivões, Gouvães, Fridão, Pinhosão, Girabolhos, Alvito, Almourol e Foz-Tua.

Os inquéritos dizem por vezes verdades encapotadas e esse é o caso do estudo da Cetelem em que “os consumidores portugueses elegem os painéis fotovoltaicos como os equipamentos preferidos de produção de energia renovável”. Atendendo a que o mercado solar português é apontado como sendo orientado ao investimento esta conclusão mostra que o problema não é o preço, mas o tipo de energia fornecido. Sendo água quente ou electricidade, o português médio escolhe a electricidade, mas consome muito mais calor do que energia eléctrica!

A segunda maior central fotovoltaica do país vai ser instalada em Ferreira do Alentejo, no distrito de Beja com 12 MW pelo grupo Generg, num investimento a rondar os 51 milhões de euros que poderá produzir energia renovável durante 25 anos. Existe no entanto o problema da segunda fase do projecto que exige a desafectação de um terreno da Reserva Agrícola Nacional. A EDP com a sua marca MyEnergy ofereceu até 30 de Setembro 10% de desconto em produtos de solar térmico, fotovoltaico ou mini-eólico. Desconhecemos o impacto de tal medida.

A geotermia tem também pouca cobertura nos media e se falarmos de EGS (Enhanced Generation system) então ainda menos. Ora EGS, em português sistema geotérmico estimulado, vai arrancar em Portugal e poderemos ter 500 MW em 10 anos, de uma forma mais barata que o nuclear, afirma o presidente dos conselhos científico e directivo da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra (FCTUC) João Gabriel Silva. Resta saber como se vai resolver as questões de furacão dos poços geotérmicos, mas o conceito existe e está testado, resta aplicá-lo e desenvolvê-lo em Portugal.

A energia das ondas foi alvo de interesse por parte dos EUA, que na pessoa do secretário de Estado de Energia assinou com o ministro da Economia e da Inovação, Manuel Pinho um Memorando de Entendimento com vista à cooperação regulatória, científica e tecnológica no âmbito da energia das ondas. Temos cerca de 5 GW de potência nas nossas costas e Portugal aumento o seu objectivo para 250 MW através da criação de uma zona piloto para receber novos protótipos.

Julho
Tavira vai receber a primeira central de concentração solar térmica de Portugal. O projecto prevê a ocupação de 10 hectares para a produção de energia eléctrica num terreno de 25 hectares a instalar numa área cedida pela associação local de regantes. O professor Manuel Collares Pereira que tem dado a “cara” por este projecto em nome da empresa ESTP - Energia Solar Térmica de Portugal indicou uma potência máxima de 6,5 MW. A data de início da construção da central está dependente das licenças necessárias.

O Projecto Solar Tiles – Desenvolvimento de Sistemas Solares Fotovoltaicos em Coberturas e Revestimentos Cerâmicos – tem por objectivo integrar painéis em telhas directamente, ou seja obter telhas fotovoltaicas foi notícia e muito se espera deste consórcio pelo tamanho e inclusão de muitas empresas e Institutos de Investigação nacionais.

Como resposta à poluição automóvel o Primeiro-Ministro José Sócrates anunciou um modelo fiscal muito favorável para carros eléctricos e assinou com a Nissan/Renault um memorando de entendimento que irá permitir a sua comercialização a partir de 2010. O PER acredita que este tipo de veículos são o futuro, mas chama a atenção para a fonte da produção de energia eléctrica. Se o consumo de electricidade aumentar, a fonte não será renovável e portanto as consequências de tal medida serão minimizadas devido à origem altamente poluente do kWh. Ideia genial vem da Dinamarca e nessa vale a pena investir que é ter os carros a armazenar energia eléctrica e a devolvê-la a rede quando estão parados!

Terminamos antes do mês das férias novamente com a Martifer Solar e a instalação solar fotovoltaica mais alta do mundo, na Torre de Cristal de Madrid com 245 metros de altura.

Agosto
A biomassa tomou a liderança com o Projecto “Eureners”que apresenta como objectivos principais promover acções tendentes à poupança e eficiência energética, incentivar o desenvolvimento das energias renováveis e valorizar a biomassa como recurso energético. A não utilização deste recurso de uma forma séria e estruturada deve-se aos tarifários e é uma pena que um recurso abundante não seja verdadeiramente desenvolvido.

Masdar, o nome da primeira cidade 100% renovável a ser construída nos Emirados Árabes Unidos é também o nome da companhia estatal dos EAU e apesar de ricos em petróleo e gás natural, os EAU apostam fortemente nas renováveis anunciando o lançamento da primeira pedra da fábrica de painéis fotovoltaicos na cidade alemã de Ichtershausen, num investimento calculado em 230 milhões de dólares.

Os Açores voltam à ribalta com o projecto Green Islands’ concebido pelo MIT e aplicado em Portugal através de uma parceria com o INESC Porto. O objectivo passa por encontrar novas metodologias de rentabilização dos recursos naturais da região, com vista a atingir uma autonomia energética. As ilhas das Flores e São Miguel foram as escolhidas para a fase experimental da iniciativa.

Que a China é um dos maiores países do mundo, um dos mais poluidores e a potência emergente deste século já não casa sensação, mas que a China está à beira de liderar o ranking mundial de utilizadores de energias renováveis já nos chama a atenção. E diga-se que a Alemanha – país líder – vai ser ultrapassado, porque simplesmente não tem a escala da China. Esperemos que seja o primeiro passo para que a China mude de paradigma e deixe de ser o maior poluidor para ser um dos maiores “limpadores”!

Setembro
A retoma das férias começa sempre pelo regresso às aulas e assim começamos pelas crianças e em Cascais no Centro de Congressos do Estoril esteve em exibição o musical “Planeta da Energia”. Espectáculo criado de origem para crianças dos 6 aos 12 anos, a peça de teatro musical da autoria de Dora Gafenho (engenheira do ambiente) e Victor Palma (professor de música) tem uma forma divertida e pedagógica de despertar e motivar o público infantil para as questões ambientais, aprendendo a distinguir o que são as energias renováveis e não renováveis e aprender a identificar as energias alternativas com palavras esquisitas, como Fotovoltaica, Eólica, Hídrica, Biomassa, Biodíesel. Iniciativa de mérito!

Os clusters continuam na moda e o das ondas é um objectivo nacional de acordo com os empresários portugueses: a EDP e a Efacec anunciaram uma parceria para o desenvolvimento de projectos experimentais na área da energia das ondas e a criação do consórcio Ondas de Portugal (45% EDP, 35 % Enersis, 20 % Efacec). Espera-se que depois da central da Aguçadora mais projectos se sigam e que passemos a ter penetrações no mix energético semelhantes ao das eólicas.

Não é muito comum estarmos de acordo com o Primeiro-Ministro José Sócrates, mas desta vez subscrevemos a sua frase” a "forte aposta" de Portugal nas energias renováveis nos últimos três anos vai continuar…esta é a estratégia certa para fazer face ao "choque petrolífero" em curso.” Alertamos que se olhe também para a procura e não apenas para a oferta, a redução de consumo tem de ser incentivada e a sustentabilidade um objectivo a atingir.

A EDP Renováveis parte para investimentos eólicos em Espanha no valor de 3500 milhões. Só esperamos que os processos de licenciamento não demorem tanto como em Portugal…

Outubro
O hidrogénio ainda tinha tido pouco destaque este ano e a Associação para o Desenvolvimento do Hidrogénio organizou um debate para discutir e validar a proposta de roadmap para a Sociedade do Hidrogénio elaborada no âmbito do projecto EDEN – Endogenizar o Desenvolvimento de Energias Novas. Esta possibilidade de armazenamento deve ser olhada.

Uma nova Agência nasceu pela mão de mais de 150 países - Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA em inglês). A agência fomentará e acelerará o desenvolvimento mundial de todas as energias renováveis de uso sustentável (bioenergia, geotermia, marítima, solar, hidráulica, eólica, etc), para substituir os processos cada vez mais difíceis e custosos de combustíveis fósseis e energia nuclear.

O hidrogénio voltou a ser notícia com o estudo desenvolvido pelo Departamento de Energia Norte Americano que revela que a comercialização de células de combustível e a utilização de hidrogénio em vez da gasolina pode gerar 675 mil novos empregos, nos próximos 25 anos, só nos EUA. A comercialização deverá criar empregos ao nível da manufactura, montagem, produção de combustível, reparação, reciclagem, construção, entre outros. Deixemos para a equipa do Presidente Obama a decisão.

Este foi claramente o mês do Hidrogénio e a União Europeia anunciou um plano para tornar as células de combustível e o hidrogénio numa das novas tecnologias estratégicas para a energia. As células de combustível, como uma tecnologia de conversão eficiente, e o hidrogénio, como um transporte limpo de energia, têm um grande potencial para enfrentar os novos desafios energéticos da Europa. A Joint Technology Initiative (JTI), deverá investir cerca de 1000 milhões de euros, nos próximos seis anos, na investigação de células de combustível e hidrogénio, bem como no desenvolvimento e demonstração desta tecnologia. O objectivo é criar massa crítica relativamente a estas novas tecnologias, antes de 2020. No PER estamos a torcer para que seja verdade.

Tema em grande progresso é o comércio de emissões. Até Outubro de 2008, o volume de negócios gerado pela Ecotrade ultrapassou os 44.5 milhões de Euros, entre spot futuros e swaps, superando a barreira dos 3 milhões de licenças e créditos transaccionados. As licenças têm-se mantido a transaccionar acima dos € 20 / tCO2 e espera-se que possam atingir valores acima dos €25 por tonelada.

Não podemos deixar de mencionar o EUROSUN 2008 que teve também a 1ª Conferência Internacional de Aquecimento Solar, Arrefecimento e Edifícios, organizado pela Sociedade Portuguesa de Energia Solar (Spes) em parceria com o Programa de Aquecimento e Arrefecimento Solar da Agência Internacional de Energia. Foram 4 dias de muita partilha de informação entre participantes de todo o mundo. As sessões de posters e as apresentações foram tantas que o difícil era escolher. A mostra tecnológica teve pouca notoriedade, mas mostrou em termos comerciais o que há ao nível do solar térmico e fotovoltaico.

Novembro
A produção de energia eléctrica de origem eólica representa já cerca de 4% do consumo final de electricidade e espera-se que em 2010 represente 15%. Bem haja!

O problema do registo da microgeração finalmente apareceu a público: “existem empresas a usar call centers para se inscreverem como microprodutores de energia, deixando de fora muitos particulares que não conseguem aceder ao registo”, denunciou o presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN). Infelizmente até hoje não houve soluções para o problema.

Estávamos em mês de eleições nos EUA e as perspectivas em termos das renováveis eram: expansão de uso de energias alternativas como a solar e a eólica, através de maiores investimentos no caso de Obama e através de abatimento de impostos no caso de McCain. Obama investirá 150 biliões de dólares em 10 anos para acelerar o desenvolvimento de carros híbridos enquanto McCain era pela construção de 45 novas centrais nucleares até 2030 e gastar 2 biliões de dólares por ano no "carvão limpo". Esperemos pelo Senhor Barak Hussein Obama!

Continuando nos EUA e em seguimento dos primeiros resultados da crise, a avaliação do governo norte-americano acerca das renováveis foi a seguinte: líderes mundiais na produção de electricidade por via eólica – 20000 MW - tendo superado a Alemanha. Um sucesso alcançado em pouco mais de dois anos. Como resultado deste crescimento registou-se o aparecimento de numerosos promotores e a revitalização de uma indústria criando milhares de postos de trabalho. Ora ainda bem que os EUA vêm que as renováveis trazem vantagens e benefícios, mesmo financeiros!

Dezembro
Boas notícias devem ser dadas: em Portugal a percentagem de renováveis na produção eléctrica é de 29,4% do total da energia consumida, enquanto que em Espanha é 17,2% e na EU a média é de 14,5%. Portugal pode estar mesmo em 3º lugar atrás da Suécia e da Áustria!

Em Oliveira do Bairro a “Solar Plus” Produção de Painéis Solares SA foi inaugurada pelo presidente da República e trata-se da primeira unidade fabril de produção integral de painéis solares com tecnologia de película fina. A empresa representa um investimento de 18 milhões de euros e já permitiu a criação de 150 postos de trabalho directos e mais de meio milhar indirectos.

Foi um ano conturbado e infelizmente 2009 não se avizinha sequer perto de ser tão “mau” como 2008. Grandes desafios estão à porta com a desregulação do sistema financeiro e as suas consequências. Os investimentos estão congelados, as empresas estão a fechar portas, suspender produções, reduzir os seus recursos humanos, mas interessante que:
- não há turbinas eólicas para entrega
- não há turbinas de vapor saturado ou sobre-aquecido para entrega
- não há painéis fotovoltaicos que cheguem
- não temos espelhos parabólicos suficientes para os projectos de CSP
- não temos tubos de vácuo suficientes para os projectos de CSP
- carros eléctricos continuam ausentes
- colectores solares não chegam
- depósitos não chegam para as encomendas

Poderíamos continuar: existe todo um mercado à espera de ser tomado e desenvolvido: mercado das renováveis e temos tanto para fazer e todos contam. Sendo um recurso descentralizado, cada região terá os seus preços, as suas utilizações, as suas tecnologias, os seus métodos, as suas empresas. A globalização tornar-se-á na descentralização! O PER espera sinceramente que o mundo se aperceba das hipóteses que a sustentabilidade coloca em cima da mesa e só temos de querer!

Um bom 2009 a todos!


PER


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Última actualização 19/06/2019