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Destaques
06/03/2013

O contributo cada vez mais relevante das renováveis (por Eng.ª Isabel Cancela de Abreu)


Em 2012, 20 por cento do consumo de eletricidade em Portugal foi garantido pela energia eólica, que ultrapassou a barreira dos 10 TWh de eletricidade produzida. Este valor tem vindo a aumentar, sendo que Portugal só está atrás da Dinamarca, a nível mundial, na incorporação de energia eólica no mix elétrico.

Apesar deste aumento consistente da produção de eletricidade renovável em regime especial, da qual a eólica é a maior representante, verificou-se uma diminuição no total das renováveis devido à menor produção hidroelétrica. 2012 foi um ano muito seco, o que fez com que a grande hídrica contribuísse apenas com 11 por cento. Para colmatar esta redução, houve não só um aumento da produção fóssil, principalmente de carvão, como também um aumento do saldo importador.
 
Por causa das descobertas de gás de xisto nos Estados Unidos, este país deixou de comprar carvão à Europa, o que diminuiu a procura nos mercados internacionais e, consequentemente, o preço. Como passou a ser uma tecnologia mais barata, foi mais utilizada, o que obviamente trouxe inconvenientes a nível ambiental. Apenas relativamente à maior utilização de carvão em 2012, verificou-se um aumento de 39 por cento das emissões de gases com efeito de estufa e, no geral, o setor eletroprodutor emitiu mais 13 por cento dessas emissões em relação a 2011.
 
A produção de eletricidade renovável em regime especial (que exclui a grande hídrica) representou 27 por cento do consumo de eletricidade em 2012, valor que tem vindo a aumentar consistentemente.
 
No total as renováveis (incluindo a grande hídrica) perfizeram 38 por cento do consumo de eletricidade, um valor inferior ao do ano passado. No entanto, é necessário corrigir este valor com o índice de produtividade hidroelétrica, porque os países não podem ser prejudicados por terem um ano mais seco ou favorecidos quando há um ano mais húmido. Aplicando essa correção chegamos a uma percentagem de incorporação de renováveis no mix elétrico de 52 por cento, que é superior ao valor verificado no ano anterior. Portanto, tendo em conta a hidraulicidade do ano, continuamos a aumentar a incorporação de renováveis.
 
O regime hidrológico e as condições climáticas variam ao longo do ano, pelo que não se podem retirar conclusões precipitadas pela análise dos dados do início do ano, mas os dados de janeiro (recolhidos pela REN) dão-nos razões para sermos otimistas. A produção em regime especial renovável foi a principal fonte de produção de eletricidade, atingindo 34 por cento, seguida da grande hídrica, com 28 por cento, e depois pela térmica.
 
Uma coisa também interessante de verificar é que pela primeira vez desde março de 2011 Portugal conseguiu exportar eletricidade para Espanha. Desde esse mês, por razões de cariz técnico e económico, Portugal teve sempre um saldo importador positivo (i.e. importámos mais do que exportámos) mas em janeiro voltámos a ter eletricidade, neste caso eletricidade renovável, em excesso, que nos permitiu exportar mais do que importámos. 
 
Dos 34 por cento da produção em regime especial renovável, 25 por cento provieram da energia eólica. E somando a produção em regime especial renovável e a grande hídrica chega-se a um total de 62 por cento de contribuição renovável.
 
 
 
No geral, estes dados, tanto de 2012, como de 2013, confirmam o contributo cada vez mais relevante das renováveis, em particular a produção em regime especial, da qual a eólica é a tecnologia mais significativa.
 
De salientar que as renováveis aportam benefícios, não só a nível ambiental, mas também para a economia nacional, através da criação de empregos, da geração da riqueza, da redução da importação de combustíveis fósseis, da redução de emissão de CO2 e da contribuição para a economia regional, porque transferem bastante riqueza para os municípios.
 
Se por um lado sentimos que a população em geral está bastante consciente dos benefícios ambientais das renováveis, por outro lado o mesmo não acontece em relação aos benefícios para a economia. Para tentar colmatar essa falha, a APREN desenvolveu, durante o ano de 2012, uma campanha de comunicação “Portugal precisa da nossa energia” em que dirigimos cartas a sete responsáveis pela tutela de sete setores importantes para o desenvolvimento do nosso país, em particular as finanças, o ambiente, a economia, os consumidores, os municípios, a indústria e a ciência, em que mostrámos que as renováveis trazem benefícios para cada um deles.  A par das cartas foram também lançados vídeos muito elucidativos, que convidamos a consultar aqui.
 
Em 2013 lançámos uma nova fase dessa campanha, em que procurámos clarificar alguns conceitos relativos às energias renováveis.  O mote da campanha é “o que é que as renováveis têm a ver com...” e já foram publicadas duas monofolhas que clarificam os temas da fatura da eletricidade e do défice tarifário [montante que os consumidores devem aos produtores]. Ao consultar estas folhas, qualquer pessoa poderá verificar que o que cada um de nós paga em 2013 para os apoios às renováveis é apenas 2,3 por cento da fatura de eletricidade, ou seja, 1 € por mês, para uma fatura média mensal de 46,5 €. As renováveis são responsáveis por menos de metade do défice tarifário, e mesmo assim o seu contributo provém de uma questão de organização. Estes dados vêm contrair a ideia de que as renováveis são caras e que por isso provocam o défice tarifário.  
 
Esperamos que os portugueses fiquem cada vez mais conscientes do cada vez mais relevante contributo das renováveis não só para o mix elétrico nacional, mas também para o desenvolvimento do país. A APREN cá estará para passar essa mensagem.
 
Eng.ª Isabel Cancela de Abreu
Diretora do Departamento Técnico da APREN – Associação Portuguesa de Energias Renováveis

Nota:O Portal de Energias Renováveis não se responsabiliza pelas opiniões manifestadas pelas individualidades que gentilmente aceitam escrever um artigo de opinião neste portal.




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