Actualidade: Biocombustíveis gasosos
Recurso em PortugalO
potencia de produção de energia eléctrica com base no Biogás está estimada
segundo a DGEG em cerca de 886 GWh/ano, e distribuído pelas seguintes fontes:
Fonte |
Energia
eléctrica
[GWh/ano] |
Potência
Eléctrica [MW]
|
Agro-alimentar |
120 |
31 |
Agro-pecuário |
226 |
59 |
ETAR's |
157 |
41 |
RSU (aterros) |
383 |
99 |
Fonte: Forum Energias Renováveis
(2001)
Sector agro-alimentar: o potencial energético para produção de biogás é de cerca de 68 milhões de m3/ano, tendo como base os resíduos de culturas, nomeadamente as partes aéreas das plantas.
Sector agro-pecuário: é um dos sectores com maior potencial. Sendo que as explorações de suínos e de bovinos aquelas que apresentam maior potencial de produção de biogás.
Actividade |
Biogás [m3/ano] |
Criação de gado bovino
|
19.710.000 |
Aviário (ovos)
|
11.789.500 |
Aviário (multiplicação)
|
5.894.750 |
Criação de suínos
|
78.840.00 |
TOTAL |
116.234.250 |
Fonte: Forum Energias Renováveis
(2001)
ETARs: Relativamente à viabilidade económica da digestão anaeróbia das lamas com consequente produção de biogás nas ETARs domésticas, o valor mínimo das populações situa-se nos 15.000 habitantes.
Nestes aproveitamentos grande parte do calor gerado é consumido directamente no processo de digestão das lamas e, eventualmente, na secagem das lamas, não sendo uma mais-valia energética. A produção eléctrica estimada de 157 GWh/ano com base no biogás corresponde ao aproveitamento em 75% das lamas geradas nas ETARs a nível nacional.
Os resíduos sólidos urbanos (RSU): colocados em aterro são ricos em matéria orgânica, a qual em condições anaeróbicas no seio do material depositado, da origem a biogás. A produção de electricidade será uma solução viável de aproveitamento do biogás devendo ser consideradas também outras utilizações, incluindo a introdução na rede de gás natural.
Embora se tenha como objectivo a separação progressiva dos resíduos passíveis de valorização orgânica da restante matéria a aterrar, uma grande parte da matéria orgânica continuara a ser depositada nos aterros, dando origem a biogás. Tendo em conta valores médios anuais de RSU depositados em aterro de cerca de 2.550.000 em Portugal e partindo de uma produção na ordem dos 100 m3/ton, estima-se uma produção média de biogás de 255 milhões de m3/ano. Assumindo um teor médio de metano no biogás de 50% (PCI ≈ 5 kWh/m3) e um rendimento de conversão eléctrica de 30%, o potencial teórico disponível corresponde a 383 GWh/ano de electricidade. Limitando realisticamente esse potencial a 50% seria possível gerar 192 GWh/ano de energia eléctrica.
Os valores acima referidos devem ser vistos como o potencial máximo, sendo que, em alguns casos por questões de viabilidade económica ou técnica, os valores realistas se possam situar em cerca de 50% do potencial.
Política energética
A meta do governo estabelecida em 2005 era atingir 100 MW de potência instalada em unidades de tratamento anaeróbico de resíduos até 2010.
Nesse sentido, em 2007, as tarifas para a remuneração da produção eléctrica com base em Biogás foram revistas, estando hoje nos seguintes valores médios:
- Biogás digestão anaeróbia RSU, ETAR e de efluentes e resíduos da agro-pecuária e agro-alimentar: 115-117
- Gás de aterro: 102-104
Estes valores mantêm-se durante 15 anos.
Cenário actual
Actualmente existe em Portugal cerca de uma centena de sistemas de produção de biogás, na sua maior parte proveniente do tratamento de efluentes agro-pecuários (cerca de 85%) e destas cerca de 85% são suiniculturas e de alguns aterros de grande porte.
Este aproveitamento que, para além de resolver os problemas de poluição dos efluentes, pode tornar uma exploração agro-pecuária auto-suficiente em termos energéticos. Os efluentes sólidos resultantes podem ser ainda aproveitados como adubo.
Apesar do potencial e das metas do Governo o Biogás representa actualmente apenas cerca de 0,2% do consumo energético nacional com cerca de 80 GWh produzidos e potencia instalada de apenas 21 MW (2009), i.e, 80% abaixo da meta dos 100 MW.
Existem vários constrangimentos que justificam o relativo insucesso deste sector:
- Uma fraca aceitação do processo de digestão anaeróbia, com excepção do tratamento das lamas das ETAR's.
- Pouca relevância dada à valia energética dos projectos ambientais, avaliados essencialmente pela capacidade de tratamento.
- Baixa retribuição da energia eléctrica produzida a partir da digestão anaeróbia, prejudicando assim a amortização dos investimentos.
Fontes e referências:
"Bioenergia - manual sobre tecnologias, projecto e instalação", Altener, 2004
"Forum Energias Renováveis em Portugal". ADENE/INETI, Lisboa 2001.